quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Medalha Milagrosa!!

As aparições

O céu desceu à terra… De julho a dezembro de 1830, Irmã Catarina, jovem noviça das Filhas da Caridade, recebe o imenso favor de conversar três vezes com a Virgem Maria.

Nos meses precedentes, Catarina foi beneficiada com outras aparições.

São Vicente de Paulo lhe manifestou seu coração. Na Capela, em oração, Catarina vê por três dias consecutivos, o coração de São Vicente, em três cores diferentes. Ele lhe aparece, em primeiro lugar, branco, cor da paz; depois vermelho, cor do fogo; depois, preto, sinal das desgraças que recairão sobre a França e, particularmente, Paris.

Pouco depois, Catarina viu o Cristo presente na Eucaristia, mais além das aparências do pão.

« Vi Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento durante todo o tempo do meu Seminário, exceto todas as vezes em que duvidava. »


A 6 de junho de 1830, festa da Santíssima Trindade, o Cristo lhe aparece como Rei crucificado, despojado de todos os seus paramentos.



Uma noite de verão

Aos 18 de julho de 1830, véspera da festa de São Vicente que ela tanto ama, Catarina recorre àquele de quem, cujo coração ela viu transbordando de amor, para que seu grande desejo de ver a Santíssima Virgem seja enfim alcançado. Às onze horas e meia da noite, ela ouve chamá-la pelo seu nome.

Uma misteriosa criança está ali, ao pé da sua cama e a convida para levantar-se:

« A Santíssima Virgem a espera »


diz ela. Catarina se veste e, acompanha a criança que, deixa raios de luz por todos os lugares por onde passa.

Chegando à Capela, Catarina pára perto da cadeira do Padre, colocada no presbitério. Ela ouve então “como o frou-frou” de uma roupa de seda:

«Eis a Santíssima Virgem»


diz seu pequeno guia.


Ela não quer acreditar. A criança, porém, repete com uma voz mais forte:


« Eis a Santíssima Virgem. »

Catarina corre aos joelhos da Santíssima Virgem sentada na cadeira. Então não fiz senão dar um salto para junto dEla, e, de joelhos, sobre os degraus do altar, as mãos apoiadas nos joelhos da Santíssima Virgem:

« Aí, passei um momento, o mais suave de minha vida. Ser-me-ia impossível dizer o que experimentei. A Santíssima Virgem disse-me como eu devia conduzir-me com o meu confessor e várias coisas mais».





Catarina recebe o anúncio de sua missão e o pedido de fundação de uma Confraria dos Filhos de Maria. O que será realizado pelo Padre Aladel no dia 2 de fevereiro de 1840.



Um 27 de novembro

A Santíssima Virgem, no dia 27 de novembro de 1830, aparece de novo, na Capela, à Catarina Labouré. Dessa vez foi às 17h30, durante a oração das Irmãs e das noviças, sobre o quadro de São José (hoje, o local onde se encontra a Virgem do Globo). Antes, Catarina vê dois globos vivos, que passam, um após o outro, e nos quais a Santíssima Virgem se mantém em pé, sobre a metade do globo terrestre, seus pés esmagando a serpente.

No primeiro quadro, a Virgem Maria traz nas mãos um pequeno globo, dourado, com uma cruz superposta, que Ela eleva aos céus. Catarina ouve:

«Este lobo representa o mundo inteiro,


particularmente a França e todas as pessoas»

No segundo, saem de suas mãos abertas raios de um brilho resplandecente. Catarina ouve ao mesmo tempo uma voz que lhe diz:

«Estes raios são o símbolo das graças que Maria alcança para os homens».

Depois, em forma oval, forma-se a aparição e Catarina vê inscrita, em letras de ouro, esta invocação: «O' Maria concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a Vós! ».

Então uma voz se faz ouvir:

« Fazei cunhar uma medalha sob este modelo.


As pessoas que a usarem, com confiança, receberão muitas graças ».

Finalmente, ao redor, Catarina vê o reverso da Medalha: no alto, uma cruz, com a inicial do nome de Maria superposta, e, em baixo, dois corações, um coroado de espinhos, e outro, transpassado por uma lança.



Um adeus


No mês de novembro de 1830, durante a oração, Catarina ouve de novo um “frou-frou”, desta vez atrás do altar. O mesmo quadro da medalha se apresenta perto do tabernáculo, um pouco atrás.



«Estes raios são o símbolo das graças que a Santíssima Virgem alcança para as pessoas que lhe pedem… Você não me verá mais ».

Eis o fim das aparições. Catarina comunica ao seu confessor, Padre Aladel, o pedido da Santíssima Virgem. Ele a acolhe formalmente, proibindo-a de pensar sobre o assunto. O choque é muito forte.

A 30 de janeiro de 1831, ela termina o seminário. Catarina recebe o hábito. No dia seguinte, ela parte para o Asilo de Enghien, fundado pela família de Orléans, à rua de Picpus, 12, em Reuilly, a leste de Paris, num bairro miserável, onde, incógnita, servirá os pobres durante 46 anos.




A Medalha

Nesta Capela, escolhida por Deus, a Virgem Maria, em pessoa, veio revelar sua identidade através de um pequeno objeto, uma medalha, destinada a todos sem distinção!

A identidade de Maria era objeto de controvérsia entre teólogos, desde os primeiros tempos da Igreja. Em 431, o Concílio de Éfeso tinha proclamado o primeiro dogma marial: Maria é mãe de Deus.

A partir de 1830, a invocação:

« O’ Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós »

que sobe ao céu, milhares e milhares de vezes repetida por milhares e milhares de corações de cristãos do mundo inteiro, a pedido da própria Mãe de Deus, vai produzir seu efeito!

A 8 de dezembro de 1854, Pio IX proclama o dogma da Imaculada Conceição: por uma graça especial que lhe vinha da morte de seu Filho, Maria é sem pecado desde o começo de sua concepção.

Quatro anos mais tarde, em 1858, as aparições de Lourdes irão confirmar a Bernadette Soubirous, o privilégio da mãe de Deus.

Coração Imaculado, Maria é a primeira resgatada pelos méritos de Jesus Cristo. Ela é luz para nossa terra. Todos somos como a Virgem Maria, destinados à felicidade eterna.

Uma medalha, milagrosa… por quê?… luminosa em quê?… e dolorosa?

milagrosa…

Alguns meses após as aparições, Irmã Catarina é nomeada para o Asilo de Enghien (Paris XII), a fim de cuidar dos anciãos. Ela se põe ao trabalho. A voz interior, porém, insiste: é preciso fazer cunhar a medalha. Catarina volta a falar ao seu confessor, o Padre Aladel.

Em fevereiro de 1832, grassa uma terrível epidemina de cólera, que vai fazer mais de 20.000 mortos! As Filhas da Caridade começam a distribuir, em junho, as 2.000 primeiras medalhas cunhadas a pedido do Padre Aladel.

As curas multiplicam-se, bem como as proteções e conversões. É um alastramento. O povo de Paris chama a medalha de "milagrosa".

No outono de 1834 há mais de 500.000 medalhas. Em 1835 mais de um milhão no mundo inteiro. Em 1839, a medalha é distribuída a mais de dez milhões de exemplares.

À morte de Irmã Catarina, em 1876, contam-se mais de um bilhão de medalhas!



Luminosa…

As palavras e desenhos gravados no verso da medalha expressam uma mensagem sob três aspectos intimamente ligados.

« O' Maria concebida sem pecado,


rogai por nós que recorremos a vós ».

A identidade de Maria nos é revelada explícitamente aqui: a Virgem Maria é imaculada desde sua concepção. Desse privilégio que já lhe foi concedido pelos méritos da Paixão de seu Filho, Jesus, o Cristo, decorre a força poderosa de intercessão que ela exerce para com aqueles que a rogam.

Eis por que, a Virgem Maria convida a todos os homens a recorrerem a ela nas dificuldades de sua vida.

Seus pés pisam uma metade da esfera e esmagam a cabeça de uma serpente.

A semi-esfera é a metade do globo, é o mundo. A serpente, entre os judeus e cristãos, representa Satã e as forças do mal.

A Virgem Maria engaja-se no combate espiritual, o combate contra o mal, do qual o mundo é o campo de batalha. Ela nos chama a entrar, nós também, na lógica de Deus que não é a lógica do mundo. E' esta a graça autêntica de conversão que o cristão deve pedir a Maria, para transmiti-la ao mundo.

Suas mãos estão abertas e seus dedos estão adornados com anéis revestidos de pedras preciosas, de onde saem raios que caem sobre a terra, ampliando-se para baixo.

O brilho desses raios, bem como a beleza e a luz da aparição, descritas por Catarina, chamam, justificam e alimentam nossa confiança na fidelidade de Maria (os anéis) para com seu Criador e seus filhos, na eficácia de sua intervenção (os raios de graça que caem à terra) e na vitória final (a luz) pois, Ela, primeira discípula, é a primeira resgatada.

Dolorosa…


A medalha traz no seu reverso uma inicial e desenhos que nos introduzem no segredo de Maria.

A letra "M" está encimada pela Cruz do Cristo.

Os dois sinais entrelaçados mostram a relação indissolúvel que liga o Cristo à sua Santíssima Mãe. Maria está associada à missão Salvífica da humanidade pelo seu Filho Jesus e participa pela sua compaixão no próprio ato do sacrifício redentor do Cristo.

Em baixo, dois corações, um contornado de uma coroa de espinhos, o outro transpassado por uma lança.

O coração coroado de espinhos, é o Coração de Jesus. Lembra o episódio cruel da Paixão do Cristo, narrado nos evangelhos, antes de sua morte. Significa sua Paixão de amor pelos homens.

Este coração transpassado por uma lança, é o Coração de Maria, sua Mãe. Lembra a profecia de Simeão contada nos evangelhos, no dia da Apresentação de Jesus no templo de Jerusalém, por Maria e José. Significa o amor do Cristo que invade Maria e seu amor por nós: pela nossa Salvação, Ela aceita o sacrifício do seu próprio Filho.

A aproximação dos dois Corações expressa que a vida de Maria é vida de intimidade com Jesus.

Doze estrelas estão gravadas ao redor da medalha.

Correspondem aos doze apóstolos e representam a Igreja. Ser Igreja, é amar o Cristo e participar de sua paixão pela Salvação do mundo. Cada batizado é convidado a associar-se à missão do Cristo, unindo seu coração aos Corações de Jesus e de Maria.

A medalha é um apelo à consciência de cada um, para que escolha, como o Cristo e Maria, o caminho do amor, até o dom total de si mesmo.



Fonte: http://www.chapellenotredamedelamedaillemiraculeuse.com/

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Nossa Senhora Rosa Mística


Em 1947, em Montechiari, situada a alguns quilômetros de Bréscia, norte da Itália, uma enfermeira chamada Pierina Gilli, nascida no dia 3 de agosto de 1911, encontrava-se num quarto do hospital onde trabalhava, quando teve uma visão de uma belíssima Senhora vestida com uma túnica púrpura e com um véu branco cobrindo-lhe a cabeça. Em seu peito estavam encravadas três espadas e seu celestial rosto tinha feições muito tristes. A Virgem chorava e disse em sua primeira aparição disse: "Oração, Penitência e Expiação".

Na segunda aparição a Virgem apresenta-se de branco e em lugar das três espadas traz no peito três rosas: uma branca, uma cor-de-rosa e outra dourada. A Virgem disse a Pierina que o Senhor a enviara especialmente para ajudar aos sacerdotes e às ordens religiosas.
Suas palavras foram mais ou menos assim: "Sou a Mãe de Jesus e Mãe de todos vocês". "Nosso Senhor me envia para implantar uma nova devoção mariana em todos os institutos tanto masculinos como femininos, nas comunidades religiosas e em todos os sacerdotes. Eu prometo-lhes que se venerarem desta maneira especial, gozarão particularmente de minha proteção e haverá um florescimento de vocações religiosas. Desejo também que o dia 31 de cada mês seja consagrado como dia mariano e os doze dias precedentes sirvam de preparação com orações especiais, e o dia 13 de julho de cada ano seja dedicado à "Rosa Mística".
A Virgem explicou também o significado das espadas e das três rosas:
A primeira espada: representa a escassez das vocações.
A segunda espada: representava os pecados mortais dos sacerdotes, monges e monjas.
A terceira espada era por causa dos sacerdotes e monges que cometem a mesma traição de Judas.
A Rosa branca: o espírito de oração.
A Rosa Vermelha: o espírito de expiação e sacrifício.
A Rosa dourada: o espírito de penitência.
A terceira aparição ocorreu na capela do hospital de Montechiari, durante a celebração eucarística. Maria Rosa Mística disse: "Meu Divino Filho, cansado das incessantes ofensas, quer dar curso à sua justiça e quer colocar-me como intermediária entre os homens e em particular entre as almas dos religiosos e Ele". A vidente agradece em nome de todos os presentes e ela resoponde: "Vivei de amor".
Na quarta aparição a Virgem suplica oração e penitência, pedido que se repete na quinta aparição.
Na sexta aparição, Maria expressa o desejo de que em Montechiari seja venerada sob a invocação de "Rosa Mística", unida à veneração de seu Coração Imaculado, especialmente nos conventos e Institutos Religiosos.
Na sétima aparição, a Virgem disse sorrindo: "Eu sou a Imaculada Conceição, sou a Mãe da Graça, Mãe de meu Divino Filho, Jesus Cristo, quero que ao meio-dia de cada 8 de dezembro seja celebrada a "hora da graça" por todo o mundo e prometo que mediante esta devoção serão alcançadas graças para a alma e para o corpo".
Depois destes acontecimentos, Pierina passou vários anos em Bréscia como ajudante em um convento de religiosas. Em 1966 começa a segunda etapa das aparições. Em fevereiro desse ano Pierina volta a ver a Virgem e lhe anuncia que aparecerá no dia 17 de abril em Fontanelle, um bairro de Montechiari. Nesse lugar havia uma fonte numa gruta onde ocorreram várias curas físicas e espirituais.
A Virgem apareceu no dia anunciado e assim se manifestou: "Meu divino Filho Jesus é todo amor e me enviou para dar um poder milagroso de cura a esta fonte... Que os enfermos e todos os meus filhos peçam perdão a meu Divino Filho, beijem com muito amor a Cruz, tirem água da fonte e bebam-na... Desejo que os enfermos e todos meus filhos venham à fonte da graça".
Nossa Senhora manifestou mais vezes. Em Fontanelle, disse, no dia 6 de agosto: "Meu divino Filho Jesus me envia novamente aqui para pedir a formação da Liga Mundial da Comunidade Reparadora, que deve ter início no próximo 13 de outubro e estender-se por todo o mundo todo a cada ano".

Oração a Maria Rosa Mística

(Com aprovação eclesiástica)
Rosa Mística, Virgem Imaculada, Mãe da Graça, para honra de Vosso Divino Filho, nos prostramos diante de Vós implorando a misericórdia de Deus: não por nossos méritos mas pelo amor de vosso coração maternal, nós vos suplicamos que nos concedais proteção e graça com a certeza de que nos haveis de atender.... Ave Maria....
Rosa Mística, Mãe de Jesus, Rainha do Santo Rosário e Mãe da Igreja, Corpo Místico de Cristo, nós vos pedimos que concedais ao mundo, dilacerado pela discórdia, a unidade e a paz e todas aquelas graças que podem mudar o coração de tantos de teus filhos... Ave Maria....
Rosa Mística, Rainha dos Apóstolos, fazei florescer à volta da Mesa da Eucaristia muitas vocações sacerdotais e religiosas que difundam, com a santidade de sua vida e com o zelo apostólico pelas almas, o Reino de Vosso Filho Jesus por todo o mundo. E derramai sobre nós também a abundância de Vossas graças celestiais! Ave Maria...

Fonte: http://www.nossasenhoradocarmo.com.br/Site/conteudo.asp?Mod=4&Sec=17&Id=nossasenhora-166titulos

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Viagem Apostólica em Portugal.Missa no santuário de Nossa Senhora do Rosário. Homilia do Papa João Paulo II (Fátima, 13 de Maio de 1982).

1. “E a partir daquele momento, o discípulo recebeu-A em sua casa” (Io. 19, 27)
Com estas palavras termina o Evangelho da Liturgia de hoje, aqui em Fátima. O nome do discípulo era João. Precisamente ele, João, filho de Zebedeu, apóstolo e evangelista, ouviu do alto da Cruz as palavras de Cristo: “Eis a tua Mãe”. Anteriormente, Jesus tinha dito à própria Mãe: “Senhora, eis o Teu filho”.
Este foi um testamento maravilhoso.
Ao deixar este mundo, Cristo deu a Sua Mãe um homem que fosse para Ela como um filho: João. A Ela o confiou. E, em consequência desta doação e deste acto de entrega, Maria tornou-se mãe de João. A Mãe de Deus tornou-se Mãe do homem.
E, a partir daquele momento, João “recebeu-A em sua casa”. João tornou-se também amparo terreno da Mãe de seu Mestre; é direito e dever dos filhos, efectivamente, assumir o cuidado da mãe. Mas acima de tudo, João tornou-se por vontade de Cristo o filho da Mãe de Deus. E, em João, todos e cada um dos homens d’Ela se tornaram filhos.
2. “Recebeu-A em sua casa” – esta frase significa, literalmente, na sua habitação.
Uma manifestação particular da maternidade de Maria em relação aos homens são os lugares, em que Ela se encontra com eles; as casas onde Ela habita; casas onde se sente uma presença toda particular da Mãe.
Estes lugares e estas casas são numerosíssimos. E são de uma grande variedade: desde os oratórios nas habitações e dos nichos ao longo das estradas, onde sobressai luminosa a imagem da Santa Mãe de Deus, até às capelas e às igrejas construídas em Sua honra. Há porém, alguns lugares, nos quais os homens sentem particularmente viva a presença da Mãe. Não raro, estes locais irradiam amplamente a sua luz e atraem a si a gente de longe. O seu círculo de irradiação pode estender-se ao âmbito de uma diocese, a uma nação inteira, por vezes a vários países e até aos diversos continentes. Estes lugares são os santuários marianos.
Em todos estes lugares realiza-se de maneira admirável aquele testamento singular do Senhor Crucificado: aí, o homem sente-se entregue e confiado a Maria e vem para estar com Ela, como se está com a própria Mãe. Abre-Lhe o seu coração e fala-Lhe de tudo: “recebe-A em sua casa”, dentro de todos os seus problemas, por vezes difíceis. Problemas próprios e de outrem. Problemas das famílias, das sociedades, das nações, da humanidade inteira.
3. Não sucede assim, porventura, no santuário de Lourdes na França? Não é igualmente assim, em Jasna Góra em terras polacas, no santuário do meu País, que este ano celebra o seu jubileu dos seiscentos anos?
Parece que também lá, como em tantos outros santuários marianos espalhados pelo mundo, com uma força de autenticidade particular, ressoam estas palavras da Liturgia do dia de hoje:
“Tu és a honra do nosso povo” (Iudit. 15,10); e também aquelas outras:
“Perante a humilhação da nossa gente”,
“... aliviaste o nosso abatimento, com a tua rectidão, na presença do nosso Deus”(Iudt. 13,20).
Estas palavras ressoam aqui em Fátima quase como eco particular das experiências vividas não só pela Nação portuguesa, mas também por tantas outras nações e povos que se encontram sobre a face da terra; ou melhor, elas são o eco das experiências de toda a humanidade contemporânea, de toda a família humana.
4. Venho hoje aqui, porque exactamente neste mesmo dia do mês, no ano passado, se dava, na Praça de São Pedro, em Roma, o atentado à vida do Papa, que misteriosamente coincidia com o aniversário da primeira aparição em Fátima, a qual se verificou a 13 de Maio de 1917.
Estas datas encontraram-se entre si de tal maneira, que me pareceu reconhecer nisso um chamamento especial para vir aqui. E eis que hoje aqui estou. Vim para agradecer à Divina Providência, neste lugar, que a Mãe de Deus parece ter escolhido de modo tão particular.
“Misericordiae Domini, quia non sumus consumpti” – Foi graças ao Senhor que não fomos aniquilados (Lam. 3, 22) – repito uma vez mais com o Profeta.
Vim, efectivamente, sobretudo para aqui proclamar a glória do mesmo Deus:
“Bendito seja o Senhor Deus, Criador do Céu e da Terra”, quero repetir com as palavras da Liturgia de hoje (Iudt. 13,18).
E ao Criador do Céu e da Terra elevo também aquele especial hino de glória, que é Ela própria: a Mãe Imaculada do Verbo Encarnado:
“Abençoada sejas, minha filha, pelo Deus Altíssimo / Mais do que todas as mulheres sobre a Terra... / A confiança que tiveste não será esquecida pelos homens, / E eles hão-de recordar sempre o poder de Deus. / Assim Deus te enalteça eternamente” (Ibid. 13, 18-20).
Na base deste canto de louvor, que a Igreja entoa com alegria, aqui como em tantos lugares da terra, está a incomparável escolha de uma filha do género humano para ser Mãe de Deus.
E por isso seja sobretudo adorado Deus: Pai, Filho, e Espírito Santo.
Seja bendita e venerada Maria, protótipo da Igreja, enquanto “habitação da Santíssima Trindade”.
5. A partir daquele momento em que Jesus, ao morrer na Cruz, disse a João: “Eis a tua Mãe”, e a partir do momento em que o discípulo “A recebeu em sua casa”, o mistério da maternidade espiritual de Maria teve a sua realização na história com uma amplidão sem limites. Maternidade quer dizer solicitude pela vida do filho. Ora se Maria é mãe de todos os homens, o seu desvelo pela vida do homem reveste-se de um alcance universal. A dedicação de qualquer mãe abrange o homem todo. A maternidade de Maria tem o seu início nos cuidados maternos para com Cristo.
Em Cristo, aos pés da Cruz, Ela aceitou João e, nele, aceitou todos os homens e o homem totalmente. Maria a todos abraça, com uma solicitude particular, no Espírito Santo. É Ele, efectivamente, “Aquele que dá a vida”, como professamos no Credo. É Ele que dá a plenitude da vida, com abertura para a eternidade.
A maternidade espiritual de Maria é, pois, participação no poder do Espírito Santo, no poder d’Aquele “que dá a vida”. E é ao mesmo tempo, o serviço humilde d’Aquela que diz de si mesma: “Eis a serva do Senhor” (Luc. 1, 38).
À luz do mistério da maternidade espiritual de Maria, procuremos entender a extraordinária mensagem que, daqui de Fátima, começou a ressoar pelo mundo todo, desde o dia 13 de Maio de 1917, e que se prolongou durante cinco meses, até ao dia 13 de Outubro do mesmo ano.
6. A Igreja ensinou sempre, e continua a proclamar, que a revelação de Deus foi levada à consumação em Jesus Cristo, que é a plenitude da mesma, e que “não se há-de esperar nenhuma outra revelação pública, antes da gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (Dei Verbum, 4). A mesma Igreja aprecia e julga as revelações privadas segundo o critério da sua conformidade com aquela única Revelação pública.
Assim, se a Igreja aceitou a mensagem de Fátima, é sobretudo porque esta mensagem contém uma verdade e um chamamento que, no seu conteúdo fundamental, são a verdade e o chamamento do próprio Evangelho.
“Convertei-vos (fazei penitência), e acreditai na Boa Nova (Mc. 1, 15): são estas as primeiras palavras do Messias dirigidas à humanidade. E a mensagem de Fátima, no seu núcleo fundamental, é o chamamento à conversão e à penitência, como no Evangelho. Este chamamento foi feito nos inícios do século vinte e, portanto, foi dirigido, de um modo particular a este mesmo século. A Senhora da mensagem parecia ler, com uma perspicácia especial, os “sinais dos tempos”, os sinais do nosso tempo.
O apelo à penitência é um apelo maternal; e, ao mesmo tempo, é enérgico e feito com decisão. A caridade que “se congratula com a verdade”(1Cor 13, 6) sabe ser clara e firme. O chamamento à penitência, como sempre anda unido ao chamamento à oração. Em conformidade com a tradição de muitos séculos, a Senhora da mensagem de Fátima indica o terço – o rosário – que bem se pode definir “a oração de Maria”: a oração na qual Ela se sente particularmente unida connosco. Ela própria reza connosco. Com esta oração do terço se abrangem os problemas da Igreja, da Sé de Pedro, os problemas do mundo inteiro. Além disto, recordam-se os pecadores, para que se convertam e se salvem, e as almas do Purgatório.
As palavras de mensagem foram dirigidas a crianças, cuja idade ia dos sete aos dez anos. As crianças, como Bernadette de Lourdes, são particularmente privilegiadas nestas aparições da Mãe de Deus. Daqui deriva o facto de também a sua linguagem ser simples, de acordo com a capacidade de compreenção infantil. As criancinhas de Fátima tornaram-se as interlocutoras da Senhora da mensagem e também as suas colaboradoras. Uma delas ainda está viva.
7. Quando Jesus disse do alto da Cruz: “Senhora, eis o Seu filho” (Io. 19, 26), abriu, de maneira nova, o Coração da Sua Mãe, o coração Imaculado, e revelou-Lhe a nova dimensão do amor e o novo alcance do amor a que Ela fora chamada, no Espírito Santo, em virtude do sacrifício da Cruz.
Nas palavras da mensagem de Fátima parece-nos encontrar precisamente esta dimensão do amor materno, o qual com a sua amplitude, abrange todos os caminhos do homem em direcção a Deus: tanto aqueles que seguem sobre a terra, como aqueles que, através do Purgatório, levam para além da terra. A solicitude da Mãe do Salvador, identifica-se com a solicitude pela obra da salvação: a obra do Seu Filho. É solicitude pela salvação, pela eterna salvação de todos os homens. Ao completarem-se sessenta e cinco anos, depois daquele dia 13 de Maio de 1917 é difícil não descobrir como este amor salvífico da Mãe abraça na sua amplitude, de um modo particular, o nosso século.
À luz do amor materno, nós compreendemos toda a mensagem de Nossa Senhora de Fátima.
Aquilo que se opõe mais directamente à caminhada do homem em direcção a Deus é o pecado, o perseverar no pecado, enfim, a negação de Deus. O programado cancelamento de Deus do mundo do pensamento humano. A separação d’Ele de toda a actividade terrena do homem. A rejeição de Deus por parte do homem.
Na verdade, a salvação eterna do homem somente em Deus se encontra. A rejeição de Deus por parte do homem se se tornar definitiva, logicamente conduz à rejeição do homem por parte de Deus (Cfr. Matth. 7, 23; 10, 33), à condenação.
Poderá a Mãe, que deseja a salvação de todos os homens, com toda a força do seu amor que alimenta no Espírito Santo, poderá Ela ficar calada acerca daquilo que mina as próprias bases desta salvação? Não, não pode!
Por isso, a mensagem de Nossa Senhora de Fátima, tão maternal, se apresenta ao mesmo tempo tão forte e decidida. Até parece severa. É como se falasse João Baptista nas margens do rio Jordão. Exorta à penitencia. Adverte. Chama à oração. Recomenda o terço, o rosário.
Esta mensagem é dirigida a todos os homens. O amor da Mãe do Salvador chega até onde quer que se estenda a obra da salvação. E objecto do Seu desvelo são todos os homens da nossa época e, ao mesmo tempo, as sociedades, as nações e os povos. As sociedades ameaçadas pela apostasia, ameaçadas pela degradação moral. A derrocada da moralidade traz consigo a derrocada das sociedades.
8. Cristo disse do alto da Cruz: “Senhora, eis o Teu filho”. E, com tais palavras, abriu, de um modo novo, o Coração da Sua Mãe.
Pouco depois, a lança do soldado romano trespassou o lado do Crucificado. Aquele coração trespassado tornou-se o sinal da redenção, realizada mediante a morte do Cordeiro de Deus.
O Coração Imaculado de Maria aberto pelas palavras – “Senhora, eis o Teu Filho” – encontra-se espiritualmente com o Coração do Filho trespassado pela lança do soldado. O Coração de Maria foi aberto pelo mesmo amor para com o homem e para com o mundo com que Cristo amou o homem e o mundo, oferecendo-Se a Si mesmo por eles, sobre a Cruz, até àquele golpe da lança do soldado.
Consagrar o mundo ao Coração Imaculado de Maria significa aproximar-nos, mediante a intercessão da Mãe, da própria Fonte da Vida, nascida no Gólgota. Este Manancial escorre ininterruptamente, dele brotando a redenção e a graça. Nele se realiza continuamente a reparação pelos pecados do mundo. Tal Manancial é sem cessar Fonte de vida nova e de santidade.
Consagrar o mundo ao Imaculado Coração da Mãe significa voltar de novo junto da Cruz do Filho. Mais quer dizer, ainda: consagrar este mundo ao Coração trespassado do Salvador, reconduzindo-o à própria fonte da Redenção. A Redenção é sempre maior do que o pecado do homem e do que “o pecado do mundo”. A força da Redenção supera infinitamente toda a espécie de mal, que está no homem e no mundo.
O Coração da Mãe está conscio disso, como nenhum outro coração em todo o cosmos, visível e invisível.
E para isso faz a chamada.
Chama não somente à conversão. Chama-nos a que nos deixemos auxiliar por Ela, como Mãe, para voltarmos novamente à fonte da Redenção.
9. Consagrar-se a Maria Santíssima significa recorrer ao seu auxílio e oferecermo-nos a nós mesmos e oferecer a humanidade Àquele que é Santo, infinitamente Santo; valer-se do seu auxílio – recorrendo ao seu Coração de Mãe aberto junto da Cruz ao amor para com todos os homens e para com o mundo inteiro – para oferecer o mundo, e o homem, e a humanidade, e todas as nações Àquele que é infinitamente Santo. A santidade de Deus manifestou-se na redenção do homem, do mundo, da inteira humanidade e das nações: redenção esta que se realizou mediante o sacrifício da Cruz. “Por eles, Eu consagro-me a Mim mesmo”, tinha dito Jesus” (Io. 17, 19).
O mundo e o homem foram consagrados com a potência da Redenção. Foram confiados Àquele que é infinitamente Santo. Foram oferecidos e entregues ao próprio Amor, ao Amor misericordioso.
A Mãe de Cristo chama-nos e exorta-nos a unir-nos à Igreja do Deus vivo, nesta consagração do mundo, neste acto de entrega mediante o qual o mesmo mundo, a humanidade, as nações e todos e cada um dos homens são oferecidos ao Eterno Pai, envoltos com a virtude da Redenção de Cristo. São oferecidos no Coração do Redentor trespassado na Cruz.
A Mãe do Redentor chama-nos, convida-nos e ajuda-nos para nos unirmos a esta consagração, a este acto de entrega do mundo. Então encontrar-nos-emos, de facto, o mais próximo possível do Coração de Cristo trespassado na Cruz.
10. O conteúdo do apelo de Nossa Senhora de Fátima está tão profundamente radicado no Evangelho e em toda a Tradição, que a Igreja se sente interpelada por essa mensagem.
Ela respondeu à interpelação mediante o Servo de Deus Pio XII (cuja ordenação episcopal se realizara precisamente a 13 de Maio de 1917), o qual quis consagrar ao Imaculado Coração de Maria o género humano e especialmente os Povos da Rússia. Com essa consagração não terá ele, porventura, correspondido à eloquência evangélica do apelo de Fátima?
O Concílio Vaticano II, na Constituição dogmática sobre a Igreja “Lumen Gentium” e na Constituição pastoral sobre a Igreja no Mundo Contemporâneo “Gaudium et Spes” explicou amplamente as razões dos laços que unem a Igreja com o mundo de hoje. Ao mesmo tempo os seus ensinamentos sobre a presença especial de Maria no mistério de Cristo e da Igreja, maturaram no acto com que Paulo VI, ao chamar a Maria também Mãe da Igreja, indicava de maneira mais profunda o carácter da sua união com a mesma Igreja e da Sua solicitude pelo mundo, pela humanidade, por cada um dos homens e por todas as nações: a sua maternidade.
Deste modo, foi ainda mais aprofundada a compreensão do sentido da entrega, que a Igreja é chamada a fazer, recorrendo ao auxílio do Coração da Mãe de Cristo e nossa Mãe.
11. E como é que se apresenta hoje diante da Santa Mãe que gerou o Filho de Deus, no seu Santuário de Fátima, João Paulo II, sucessor de Pedro e continuador da obra de Pio, de João e de Paulo e particular herdeiro do Concílio Vaticano II?
Apresenta-se com ansiedade, a fazer a releitura, daquele chamamento materno à penitência e à conversão, daquele apelo ardente do Coração de Maria, que se fez ouvir aqui em Fátima, há sessenta e cinco anos. Sim, relê-o, com o coração amargurado, porque vê quantos homens, quantas sociedades e quantos cristãos foram indo em direcção oposta àquela que foi indicada pela mensagem de Fátima. O pecado adquiriu assim um forte direito de cidadania e a negação de Deus difundiu-se nas ideologias, nas concepções e nos programas humanos!
E precisamente por isso, o convite evangélico à penitência e à conversão, expresso com as palavras da Mãe, continua ainda actual. Mais actual mesmo do que há sessenta e cinco anos atrás. E até mais urgente. É por isso também que tal convite será o assunto do próximo Sínodo dos Bispos, no ano que vem, Sínodo para o qual já nos estamos a preparar.
O sucessor de Pedro apresenta-se aqui também como testemunha dos imensos sofrimentos do homem, como testemunha das ameaças quase apocalípticas, que pesam sobre as nações e sobre a humanidade. E procura abraçar esses sofrimentos com o seu fraco coração humano, ao mesmo tempo que se põe bem diante do mistério do Coração: do Coração da Mãe, do Coração Imaculado de Maria.
Em virtude desses sofrimentos, com a consciência do mal que alastra pelo mundo e ameaça o homem, as nações e a humanidade o sucessor de Pedro apresenta-se aqui com uma maior na redenção do mundo: fé naquele Amor salvífico que é sempre maior, sempre mais forte do que todos os males.
Assim, se por um lado o coração se confrange, pelo sentido elo pecado do mundo, bem como pela série de ameaças que aumentam no mundo, por outro lado, o mesmo coração humano sente-se dilatar com a esperança, ao pôr em prática uma vez mais aquilo que os meus Predecessores já fizeram: entregar e confiar o mundo ao Coração da Mãe, confiar-Lhe especialmente aqueles povos, que, de modo particular, tenham necessidade disso. Este acto equivale a entregar e a confiar o mundo Àquele que é Santidade infinita. Esta Santidade significa redenção, significa amor mais forte do que o mal. Jamais algum “pecado do mundo” poderá superar este Amor.
Uma vez mais. Efectivamente, o apelo de Maria não é para uma vez só. Ele continua aberto para as gerações que se renovam, para ser correspondido de acordo com os “sinais dos tempos” sempre novos. A ele se deve voltar incessantemente. Há que retomá-lo sempre de novo.
12. Escreve o Autor do Apocalipse:
“Vi depois a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, pronta como noiva adornada para o seu esposo. E, do trono, ouvi uma voz potente que dizia: Eis a morada de Deus entre os homens. Deus há-de morar entre eles: eles mesmos serão o Seu povo e Ele próprio – Deus-com-eles – será o Seu Deus” (Apoc. 21, 2ss).
A Igreja vive desta fé.
Com tal fé caminha o Povo de Deus.
“A morada de Deus entre os homens” já está sobre a terra.
E nela está o Coração da Esposa e da Mãe, Maria Santíssima, adornado com a gema da Imaculada Conceição: o Coração da Esposa e da Mãe, aberto junto da Cruz pela palavra do Filho, para um novo e grande amor do homem e do mundo. O Coração da Esposa e da Mãe, cônscio de todos os sofrimentos dos homens e das sociedades sobre a face da terra.
O Povo de Deus é peregrino pelos caminhos deste mundo na direcção escatológica. Está em peregrinação para a eterna Jerusalém, para a “morada de Deus entre os homens”.
Lá, onde Deus “há-de enxugar-lhes dos olhos todas as lágrimas; a morte deixará de existir, e não mais haverá luto, nem clamor, nem fadiga. O que havia anteriormente desapareceu” (Cfr. Apoc. 21, 4).
Mas “o que havia anteriormente” ainda perdura. E é isso precisamente que constitui o espaço temporal da nossa peregrinação.
Por isso, olhemos para “Aquele que está sentado no trono” que diz: “Vou renovar todas as coisas” (Cfr. Ibid. 21, 5).
E juntamente com o Evangelista e Apóstolo procuremos ver com os olhos da fé “o novo céu e a nova terra”, porque o “primeiro céu e a primeira terra” já passaram...
Entretanto, até agora, “o primeiro céu e a primeira terra” continuam, estando sempre à nossa volta e dentro de nós. Não podemos ignorá-lo. Isso permite-nos, no entanto reconhecer que graça imensa foi concedida ao homem quando no meio deste peregrinar, no horizonte da fé dos nossos tempos, se acendeu esse “Sinal grandioso: uma Mulher”!
Sim, verdadeiramente podemos repetir: “Abençoada sejas, filha, pelo Deus altíssimo, mais que todas as mulheres sobre a Terra!
... Procedendo com rectidão, na presença do nosso Deus,
... Aliviaste o nosso abatimento”.
Verdadeiramente, Bendita sois Vós!
Sim, aqui e em toda a Igreja, no coração de cada um dos homens e no mundo inteiro: sede bendita ó Maria, nossa Mãe dulcíssima!

Fonte: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/homilies/1982/documents/hf_jp-ii_hom_19820513_fatima_po.html
           http://www.acnsf.org.br/article/resource/view?id=620&size=1

Nossa Senhora da Abadia

    Nossa Senhora da Abadia é também conhecida pelo titulo de Santa Maria do Bouro, pois é originária do convento do Bouro, próximo à cidade de Braga, em Portugal. Segundo a lenda, a imagem de Nossa Senhora da Abadia é muito antiga, tendo pertencido a um recolhimento religioso conhecido por Mosteiro das Montanhas, que existia naquelas paragens por volta do ano 883. Quando os sarracenos invadiram a Península Ibérica, os monges fugiram, escondendo a imagem da Virgem Maria. Os séculos passaram. No tempo do Conde D. Henrique, um antigo fidalgo da corte, Pelágio Amado, fugindo aos faustos desse mundo, retirou-se para a ermida de São Miguel, a pouca distância de Braga, onde foi viver com um velho ermitão que ali morava há muitos anos. Certa noite, avistaram uma grande claridade que vinha do centro de um vale próximo e como este fato se repetisse na noite seguinte, ficaram os dois vigiando e ao amanhecer foram verificar a origem daquela estranha luz. Encontraram escondida entre os penedos uma imagem de Nossa Senhora e, cheios de alegria à vista daquele tesouro, os eremitas se prostraram, agradecendo a Deus por tão singular favor. Mudaram a sua morada para aquele sitio e ali edificaram uma pequena ermida, onde colocaram a imagem da Santa.” Teve noticia da descoberta o arcebispo de Braga e foi pessoalmente visitar os ermitães. Verificando a pobreza em que viviam, mandou construir uma igreja de pedra lavrada digna de abrigar a Mãe de Deus. Aos poucos, vários monges se uniram aos dois santos homens e a fama dos milagres de Nossa Senhora da Abadia se espalhou pela terra portuguesa, a ponto de o rei D. Afonso Henriques ter ido especialmente visitar o santuário, onde deixou uma boa esmola para o culto divino e as necessidades daqueles servos de Deus. Após a descoberta do Novo Mundo, a pequena imagem de Nossa Senhora da Abadia atravessou o oceano no surrão de algum devoto bracarense e foi instalar seu culto nos chapadões do Triângulo Mineiro, onde várias cidades a tomaram por Padroeira. Passou depois para Goiás, localizando-se principalmente em Muquém e na antiga capital da província, a Vila Boa, que conserva ainda sua bela matriz, edificada no século XVIII. Atualmente uma das localidades mais famosas pelas romarias é a de Nossa Senhora da Abadia da Água Suja, antigo centro de garimpagem de diamantes. O Santuário da Virgem do Bouro nesse rincão das Alterosas atrai todos os anos no dia 15 de agosto um grande número de devotos. Tudo isso em agradecimento às graças alcançadas por intermédio de Nossa Senhora da Abadia. Na progressista cidade de Uberaba é também grande a devoção a Santa Maria da Abadia do Bouro.

Oração à Nossa Senhora da Abadia
(Oração recolhida na Paróquia de Abadia dos Dourados, Minas Gerais, Brasil, no centenário de celebração da festa da padroeira)
Ó Senhora da Abadia, aqui estão os vossos filhos que, cheios de gratidão, vieram vos agradecer. Agradecer o Dom da vida; agradecer o Dom da fé; agradecer a vida divina; agradecer a vida de família e de amizades; agradecer a vida da Igreja; agradecer os cem anos de celebração desta festa. Estes vossos filhos, Senhora e Mãe, vieram também pedir e suplicar: Olhai, ó Mãe, estes vossos filhos e suas famílias; olhai, ó Mãe, esta Paróquia e seu Vigário; olhai, ó Mãe, esta diocese e seus Bispos; olhai, ó Mãe, a Igreja e o Santo Padre, o Papa. Fazei, ó Mãe e Rainha, que estes vossos filhos sejam testemunhas das verdades libertadoras anunciadas no Evangelho de vosso filho Jesus realizando o seu reino também na terra. Ó Mãe, estes filhos querem gozar um dia de vossa presença na glória do céu, onde de corpo e alma estais com o Pai, reinais com vosso Filho Jesus e viveis com o Espírito Santo. Amém.

Fonte:  http://blog.cancaonova.com/fatimahoje/tag/titulos-de-nossa-senhora/
   

quarta-feira, 21 de julho de 2010

São Domingos de Gusmão: Nossa Senhora, pavor dos Demônios


Quando São Domingos estava pregando o Rosário perto de Carcassona, trouxeram à sua presença um albigense que estava posseso pelo demônio, parece que mais de doze mil pessoas tinham vindo ouvi-lo pregar.Os demônios que possuíam esse infeliz foram obrigados a responder às perguntas de São Domingos, com muito constrangimento. Eles disseram que:
1 - Havia quinze mil deles no corpo desse pobre homem, porque ele atacou os quinze mistérios do Rosário;
2 - Eles continuaram a testemunhar que, quando São Domingos pregava o Rosário ele impunha medo e horror nas profundezas do inferno e que ele era o homem que eles mais odiavam em todo o Mundo, isto por causa das almas que ele arrancou dos demônios através da devoção do Santo Rosário;
Eles então revelaram várias outras coisas.
* * *
São Domingos colocou o seu Rosário em volta do pescoço do albigense e pediu que os demônios lhe dissessem quem de todos os santos nos Céus eles mais temiam, e quem deveria ser, portanto mais amado e reverenciado pelos homens.
Nesse momento eles soltaram um gemido inexprimível no qual a maioria das pessoas caiu por terra desmaiando de medo...e eles disseram: " Domingos, nós te imploramos, pela paixão de Jesus Cristo e pelos méritos de sua Mãe e de todos os santos, deixe-nos sair desse corpo sem que falemos mais, pois os anjos responderão sua pergunta a qualquer momento...
São Domingos ajoelhou-se e rezou à Nossa Senhora para que ela forçasse os inimigos a proclamarem a verdade completa e nada mais que a verdade.
Mal tinha terminado de rezar viu a Santíssima Virgem perto de si, rodeada por uma multidão de anjos.Ela bateu no homem posseso com um cajado de ouro que segurava e disse: "Responda ao meu servo Domingos imediatamente" .
Então os demônios começaram a gritar:
"Oh, vós, que sois nossa inimiga, nossa ruina e nossa destruição, porque desceste dos Céus só para nos torturar tão cruelmente? Oh, Advogada dos pecadores, vós que os tirais das presas do inferno, vós que sois o caminho certeiro para os Céus, devemos nós, para o nosso próprio pesar, dizer toda a verdade e confessar diante de todos quem é que é a causa de nossa vergonha e nossa ruina? Oh, pobres de nós, principes da escuridão: então, ouçam bem, vocês cristãos: a Mãe de Jesus Cristo é todo-poderosa e ela pode salvar seus servos de caírem no Inferno.Ela é o Sol que destrói a escuridão de nossa astúcia e sutileza. É ela que descobre nossos planos ocultos, quebra nossas armadilhas e faz com que nossas tentações fiquem inúteis e sem efeito.
* * *
Nós temos que dizer, porém de maneira relutante, que nem sequer uma alma que realmente perseverou no seu serviço foi condenada conosco; um simples suspiro que ela oferece à Santíssima Trindade é mais precioso que todas as orações, desejos e aspirações de todos os santos.
Nós a tememos mais que todos os santos nos Céus juntos e não temos nenhum sucesso com seus fiéis servos. Muitos cristão que a invocam quando estão na hora da morte e que seriam condenados, de acordo com os nossos padrões ordinários, são salvos por sua intercessão.
Oh, se pelo menos essa Maria (assim era na sua fúria como eles a chamaram) não tivesse se oposto aos nossos desígnios e esforços, teríamos conquistado a Igreja e a teríamos destruido há muito tempo atrás; e teríamos feito que todas as Ordens da Igreja caíssem no erro e na desordem. Agora, que somos forçados a falar, também lhe diremos isto: ninguém que persevera ao rezar o Rosário será condenado, porque ela obtém para seus servos a graça da verdadeira contrição por seus pecados e por meio dele, eles obtêm o perdão e a misericórdia de Deus"
(O Segredo do Rosário - São Luís Maria G. de Montfort -pág.95 à 97)

Fonte: http://catolicostradicionais.blogspot.com /www.rainhamaria.com.br

quinta-feira, 15 de julho de 2010

E o Nome da Virgem Era Maria (São Bernardo)

  E o nome da Virgem era Maria (Lc. 1, 27). Falemos um pouco deste nome que significa, segundo se diz, Estrela do mar, e que convém maravilhosamente à Virgem Mãe. … Ela é verdadeiramente esta esplêndida estrela que devia se levantar sobre a imensidade do mar, toda brilhante por seus méritos, radiante por seus exemplos
E assim verificarás, por tua própria experiência, com quanta razão foi dito: “E o nome da Virgem, era Maria
Ó tu, quem quer que sejas, que te sentes longe da terra firme, arrastado pelas ondas deste mundo, no meio das borrascas e tempestades, se não queres soçobrar, não tires os olhos da luz desta estrela.
Se o vento das tentações se levanta, se o escolho das tribulações se interpõe em teu caminho, olha a estrela, invoca Maria.
Se és balouçado pelas vagas do orgulho, da ambição, da maledicência, da inveja, olha a estrela, invoca Maria.
Se a cólera, a avareza, os desejos impuros sacodem a frágil embarcação de tua alma, levanta os olhos para Maria.
Se, perturbado pela lembrança da enormidade de teus crimes, confuso à vista das torpezas de tua consciência, aterrorizado pelo medo do juízo, começas a te deixar arrastar pelo turbilhão da tristeza, a despencar no abismo do desespero, pensa em Maria.
Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria.
Que seu nome nunca se afaste de teus lábios, jamais abandone teu coração; e para alcançar o socorro da intercessão dela, não negligencies os exemplos de sua vida.
Seguindo-A, não te transviarás; rezando a Ela, não desesperarás; pensando nela, evitarás todo erro.Se Ela te sustenta, não cairás; se Ela te protege, nada terás a temer; se Ela te conduz, não te cansarás; se Ela te é favorável, alcançarás o fim.


Fonte: http://fratresinunum.com/tag/escritos-de-santos/

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Tratado da Verdadeira Devoção à Santissima Virgem


(Texto extraído do livro: Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São Luís Maria Grignion de Montfort)

Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por meio dela que ele deve reinar no mundo.
Toda a sua vida Maria permaneceu oculta; por isso o Espírito Santo e a Igreja a chamam Alma Mater – Mãe escondida e secreta. Tão profunda era a sua humildade, que, para ela, o atrativo mais poderoso, mais constante era esconder-se de si mesma e de toda criatura, para ser conhecida somente de Deus.
Para atender aos pedidos que ela lhe fez de escondê-la, empobrecê-la e humilhá-la, Deus providenciou para que oculta ela permanecesse em seu nascimento, em sua vida, em seus mistérios, em sua ressurreição e assunção, passando despercebida aos olhos de quase toda criatura humana. Seus próprios parentes não a conheciam; e os anjos perguntavam muitas vezes uns aos outros: Quae est ista?… – Quem é esta? (Cânt 3, 6; 8, 5) pois que o Altíssimo lha escondia; ou, se algo lhes desvendava a respeito, muito mais, infinitamente, lhes ocultava.
Deus Pai consentiu que jamais em sua vida ela fizesse algum milagre, pelo menos um milagre visível e retumbante, conquanto lhe tivesse outorgado o poder de fazê-los. Deus Filho consentiu que ela não falasse, se bem que lhe houvesse comunicado a sabedoria divina. Deus Espírito Santo consentiu que os apóstolos e evangelistas a ela mal se referissem, e apenas no que fosse necessário para manifestar Jesus Cristo. E, no entanto, ela era a Esposa do Espírito Santo.
Maria é a obra-prima por excelência do Altíssimo, cujo conhecimento e domínio ele reservou para si. Maria é a Mãe admirável do Filho, a quem aprouve humilhá-la e ocultá-la durante a vida para lhe favorecer a humildade, tratando-a de mulher – mulier (Jo 2, 4; 19, 26), como a uma estrangeira, conquanto em seu Coração a estimasse e amasse mais que todos os anjos e homens. Maria é a fonte selada (Ct 4, 12) e a esposa fiel do Espírito Santo, onde só ele pode penetrar. Maria é o santuário, o repouso da Santíssima Trindade, em que Deus está mais magnífica e divinamente que em qualquer outro lugar do universo, sem excetuar seu trono sobre os querubins e serafins; e criatura alguma, pura que seja, pode aí penetrar sem um grande privilégio.
Digo com os santos: Maria Santíssima é o paraíso terrestre do novo Adão, no qual este se encarnou por obra do Espírito Santo, para aí operar maravilhas incompreensíveis. É o grande, o divino mundo de Deus, onde há belezas e tesouros inefáveis. É a magnificência de Deus, em que ele escondeu, como em seu seio, seu Filho único, e nele tudo que há de mais excelente e mais precioso. Oh! Que grandes coisas e escondidas Deus todo-poderoso realizou nesta criatura admirável, di-lo ela mesma, como obrigada, apesar de sua humildade profunda: Fecit mihi magna qui potens est (Lc 1, 49). O mundo desconhece essas coisas porque é inapto e indigno.
Os santos disseram coisas admiráveis desta cidade santa de Deus; e nunca foram tão eloqüentes nem mais felizes, – eles o confessam – que ao tomá-la como tema de suas palavras e de seus escritos. E, depois, proclamam que é impossível perceber a altura dos seus méritos, que ela elevou até ao trono da Divindade; que a largura de sua caridade, mais extensa que a terra, não se pode medir; que está além de toda compreensão a grandeza do poder que ela exerce sobre o próprio Deus; e, enfim, que a profundeza de sua humildade e de todas as suas virtudes e graças são um abismo impossível de sondar. Ó altura incompreensível! Ó largura inefável! Ó grandeza incomensurável! Ó abismo insondável!
Todos os dias, dum extremo da terra ao outro, no mais alto dos céus, no mais profundo dos abismos, tudo prega, tudo exalta a incomparável Maria. Os nove coros de anjos, os homens de todas as idades, condições e religiões, os bons e os maus, os próprios demônios são obrigados, de bom ou mau grado, pela força da verdade, a proclamá-la bem-aventurada. Vibra nos céus, como diz São Boaventura, o clamor incessante dos anjos: Sancta, sancta, sancta Maria, Dei Genitrix et Virgo; e milhões e milhões de vezes, todos os dias, eles lhe dirigem a saudação angélica: Ave, Maria…, prosternando-se diante dela e pedindo-lhe a graça de honrá-los com suas ordens. E a todos se avantaja o príncipe da corte celeste, São Miguel, que é o mais zeloso em render-lhe e procurar toda sorte de homenagens, sempre atento, para ter a honra de, à sua palavra, prestar um serviço a algum de seus servidores.
Toda a terra está cheia de sua glória, particularmente entre os cristãos, que a tomam como padroeira e protetora em muitos países, províncias, dioceses e cidades. Inúmeras catedrais são consagradas sob a invocação do seu nome. Igreja alguma se encontra sem um altar em sua honra; não há região ou país que não possua alguma de suas imagens milagrosas, junto das quais todos os males são curados e se obtêm todos os seus bens. Quantas confrarias e congregações erigidas em sua honra! Quantos institutos e ordens religiosas abrigados sob seu nome e proteção! Quantos irmãos e irmãs de todas as confrarias, e quantos religiosos e religiosas a entoar os seus louvores, a anunciar as suas maravilhas! Não há criancinha que, balbuciando a Ave-Maria, não a louve; mesmo os pecadores, os mais empedernidos, conservam sempre uma centelha de confiança em Maria. Dos próprios demônios no inferno, não há um que não a respeite, embora temendo.
Depois disto é preciso dizer, em verdade, com os santos: De Maria nunquam satis… Ainda não se louvou, exaltou, honrou, amou e serviu suficientemente a Maria, pois muito mais louvor, respeito, amor e serviço ela merece.
É preciso dizer, ainda, com o Espírito Santo: Omnis gloria eius filiae Regis ab intus – Toda a glória da Filha do Rei está no interior (Sl 44, 14), como se toda a glória exterior, que lhe dão, a porfia, o céu e a terra, nada fosse em comparação daquela que ela recebe no interior, da parte do Criador, e que desconhecem as fracas criaturas, incapazes de penetrar o segredo dos segredos do Rei.
Devemos, portanto, exclamar com o apóstolo: Nec oculus vidit, nec auris audivit, nec in cor hominis ascendit (1 Cor 2, 9) – os olhos não viram, o ouvido não ouviu, nem o coração do homem compreendeu as belezas, as grandezas e excelências de Maria, o milagre dos milagres da graça, da natureza e da glória. Se quiserdes compreender a Mãe – diz um santo – compreendei o Filho. Ela é uma digna Mãe de Deus: Hic taceat omnis língua – Toda língua aqui emudeça.
Meu coração ditou tudo o que acabo de escrever com especial alegria, para demonstrar que Maria Santíssima tem sido, até aqui, desconhecida, e que é esta uma das razões por que Jesus Cristo não é conhecido como deve ser. Quando, portanto, e é certo, o conhecimento e o reino de Jesus Cristo tomarem o mundo, será como uma conseqüência necessária do conhecimento e do reino da Santíssima Virgem Maria. Ela o deu ao mundo a primeira vez, e também, da segunda, o fará resplandecer.

Fonte: http://reporterdecristo.com/introducao-ao-tratado-da-verdadeira-devocao-a-santissima-virgem/